Já faz algum tempo que venho
pensando em fazer um post sobre esse assunto aqui no blog. É um assunto que me
atormenta quase todo santo dia. Não sei porque demorou tanto. Acho que esperei
até que não aguentasse mais sufocar as palavras dentro de mim.
O assunto é PESO, CORPO. Gorda,
magra, linda, feia, cheinha, seca, em forma. Qualquer adjetivo que você quiser
dar sobre o corpo alheio. Não entendo a necessidade que nós todos, homens e
mulheres, temos de definir-nos. Mas especialmente definir, com palavras,
padrões, nossos corpos. Nossos corpos são ferramentas incríveis e belas. Acho
uma das coisas mais lindas que Deus criou. E é lindo ver como cada um é
diferente.
Veja bem, minha relação com o meu
próprio corpo é algo extremamente pessoal, privado. Nunca gostei que qualquer
pessoa me visse de calcinha e sutiã, de biquíni, ou com uma roupa mais curta ou
mais colada. Nunca, desde criança, me achei bonita ou magra. Tenho plena
consciência de, aos 8 anos, já pensar em como fazer para emagrecer! E eu nem
era uma criança considerada ‘gordinha’.
Só que na adolescência eu
emagreci muito e me mantive com o peso baixo por alguns anos. Eu cheguei a
pesar 47 kg. E antes que alguém ache que eu sofri de alguma disfunção
alimentar, como a bulimia ou a anorexia, eu já aviso que NÃO! Eu só não
conseguia comer. Eu vivia em um estado de ansiedade tão alta que nunca tinha
fome. Pelo contrário, eu vivia enjoada, mesmo quando não comia a cerca de 12
horas.
Não é fácil pra mim me abrir
dessa maneira. Eu não gosto de falar da minha vida, do meu corpo, dos meus
sentimentos. Mas eu sinto que muitas meninas e meninos passam por esse tipo de
crítica e cobrança diariamente. Cobrança para serem magros, para serem
esbeltos, para se exercitarem, e todo essa história que já conhecemos.
Desde o ano passado que eu tenho
uma rotina mais estável, e também não ando tão ansiosa, e por isso eu comecei a
COMER. Comer quando eu sentisse fome, e vontade de comer. E por isso, eu passei
do manequim 38, pra 40. Do P, para o M. E eu realmente ENGORDEI. Não vou ser
hipócrita e dizer que quando me olho no espelho me acho mais bonita, porque é
mentira. Eu gostaria sim de ser mais magra.
Mas, não vim aqui pra falar da
minha relação com o meu corpo. Eu vim pra falar da reação das pessoas ao meu
redor quando eu comecei a engordar. Três pessoas me disseram que eu estava
melhor, com um aspecto mais saudável, e com corpo de mulher. ‘Antes você tinha
corpo de menina’. Mas muitas outras
pessoas me disseram que eu estava gorda, que precisava fazer um regime, entrar
para uma academia, parar de comer doces, blá blá blá.
Todo dia. TODO DIA alguém faz um
comentário sobre o meu peso. Meu corpo é MEU, e não um assunto para as pessoas
ficarem tratando como se fosse algo de interesse público, porque não é! Ele diz
respeito só a mim mesma.
Todas as vezes que me dizem essas
coisas eu fico brava e deprimida. Brava porque não acho que seja da alçada de
NINGUÉM dar palpite no corpo alheio. Corpo é algo extremamente pessoal. E
deprimida porque não sou uma pessoa com alta auto estima, e esses comentários
me afetam muito, me fazem me sentir mal comigo mesma.
Enfim, esse é meu desabafo e meu
pedido: Parem de dar opinião nos corpos alheios. Seu corpo é só seu, e assim
como só você decide quem o deve tocar, só você deve decidir como o quer ver.