6 de março de 2014

Lolita - Vladimir Nabokov

‘Lolita, luz da minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama’.



Vladimir Nabokov terminou “Lolita” em 1953, após anos lutando com a história, que desde de seu primeiro lampejo, passou por diversas modificações. Após o manuscrito ser recusado por diversas editoras americanas, foi publicado na França em 1955 e em 1958 nos Estados Unidos.

Lolita foi o primeiro romance que o escritor russo escreveu em língua inglesa, depois de ter se exilado na América, fugindo da Rússia socialista. Desde de sua publicação até hoje o livro permanece como um dos mais controversos da história por tratar de um tema delicado e polêmico, a pedofilia.

O livro é um diário escrito na prisão pelo protagonista, o professor de literatura Humbert Humbert, que justifica a existência dos escritos como uma última forma de declaração de amor à Lolita, assim como um registro de suas memórias da garota, pela qual ele desenvolve uma obsessão.

Humbert começa suas memórias na sua terra natal, a França. Órfão de mãe, o garoto foi criado pelo pai em um luxuoso hotel à beira mar. Lá pelos seus 12 anos ele vive sua primeira paixão e sua primeira experiencia sexual, com uma garota da mesma idade, que pouco depois morre.

O protagonista então justifica que desde a perda de sua amada só consegue se interessar por menininhas. Mas não qualquer tipo de menina, e sim aquelas que tem um quê de ninfa, uma sexualidade já latente mesmo na infância. É dai que nasce o termo “ninfeta’.

Após passar algumas temporadas em hospícios, Humbert se muda para os Estados Unidos, e se interessa em alugar um quarto na casa de Charlotte Haze, uma viúva um tanto fútil, mãe de uma garota chamada Dollores, mas a qual todos chamam de Lô ou Dolly. Humbert se apaixona pela garota, e acaba por casar-se com Charlotte só para ficar perto de Lolita (apelido só usado por Humbert).

Enquanto Lolita está passando férias em um acampamento, Charlotte morre e Humbert se torna seu padrasto e os dois desenvolvem um relacionamento doentio, baseado em ameaças, favores sexuais e suborno.

Lolita ganhou o status de clássico graças a prosa de Nabokov. Repleta de cinismo, sarcasmo e sentimentos conflitantes, o autor nos coloca dentro da cabeça e do coração de um homem deprimido e instável, que a todo momento conversa com o leitor, implorando-nos que entendamos os motivos por trás de suas ações.

Até hoje os especialistas em literatura não sabem como classificar Lolita. Romance erótico, novela de costumes, surrealista, modernista, alegoria da velha russa x a nova América… A verdade é que o próprio Nabokov afirma no posfácio “Não escrevo nem leio obras de ficção com fins didáticos (…) Lolita não traz nenhuma moral a reboque”.

Cabe a cada leitor tirar suas próprias conclusões do livro, e mergulhar no lado escuro do ser humano que muitas vezes preferimos fingir que não existe. Humbert é um homem doente, mas Lolita também é uma garota manipuladora e sádica, assim como Charlotte era uma mãe castradora (para usar um termo freudiano).


P.S: Existem duas versões de Lolita para o cinema, ambas muito conhecidas. Assim que assisti-las venho contar para vocês o que achei de cada uma.



4 comentários:

  1. Stela, adorei o post! Gosto de como nem o Nabokov conseguia classificar o livro. hehe
    Desde que ouço as pessoas falarem sobre Lolita é sempre algo "Humbert mau, Lolita inocente", mas conforme vou lendo, percebo que não é bem assim. Lolita é tão manipuladora quando ele. É uma leitura bem densa e, em partes, bastante lenta. Em outras partes chega a ser bastante envolvente. Mas no fim, sempre que paro de ler, sinto náusea. É normal? ahaha

    Vou ver se continuo a minha leitura neste mês :)

    Beijos

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  2. Oi Stela!

    Esse deve ser um livro bem difícil de se ler, ele tem um tema muito polêmico e que deve incomodar um pouco em algumas partes acredito eu. Uma colega me recomendou esse livro uma vez e eu até fiquei com vontade de comprar, mas depois que vi do que se tratava fiquei com um pé atrás. Como você se sentiu em relação ao livro? Recomenda ele ou não gostou muito?

    Beijos :*

    http://justonemomentt.blogspot.com.br/

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  3. Oi, Stela, como vai?
    Eu li "Lolita" há bastante tempo; logo que entrei na faculdade.
    Foi uma leitura bem bacana, sabe?
    Curti o enredo, e como o autor escreve.
    Achei muito interessante a forma, e as palavras, que ele, o autor, usa para explicar todo o enredo, e o porquê de cada coisa.
    Abraços.
    http://incriativos.blogspot.com.br/

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  4. Diferentemente do que falam por ai. Ele não é pedófilo. Pedófilo é quem sente atração sexual primária por pré-púberes (garotas com menos de 9 anos; quem ainda não alcançou a puberdade).
    A puberdade feminina começa aos 9 anos, com o broto mamário, e termina aos 13 anos.
    Era comum essas garotas casarem. Há várias pessoas com avós/bisavós que casaram aos 12 anos.
    A Julieta, de “Romeu e Julieta”, tinha 13 anos.
    A mãe de Jesus tinha 12-14 anos.
    Na história da humanidade, adolescentes não eram eunucos e também trabalhavam.
    O homem por ter uma puberdade mais atrasada, um maior tempo de fertilidade, e precisar fazer o papel de provedor, acabava tendendo a ser mais velho que a mulher nos relacionamentos.
    Não confunda o moralismo americano, onde até fazer sexo anal e oral é ilegal, com pedofilia, compulsões e traumas. 

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