15 de dezembro de 2014

Não Sou Uma Dessas – Lena Dunham




Antes de receber da editora Intrínseca o livro ‘Não Sou Uma Dessas’, tudo o que eu sabia sobre Lena Dunham é que ela era a criadora e também protagonista de uma série ultra hipada da HBO chamada 'Girls', cuja a linha central da narrativa nunca me interessou.

Sabia também que por ser gordinha e sempre aparecer nua na série, era considerada uma mulher que quebra padrões e dogmas. Já tinha ouvido dizer também que ela é feminista e liberal, e sei que tem uma tatuagem enorme no braço e um corte de cabelo esquisito. E ai acabava o que eu ‘sabia’ sobre Lena Dunham.

Em seu livro de estreia Lena conta um pouco sobre sua vida, desde a infância até o momento em que seu trabalho no cinema e na tv começa a acontecer. Sua narrativa é fluída e pouco trabalhada. Não há metáforas ou outras figuras de linguagem mais elaboradas. Ela fala sobre sexo, abuso de drogas e álcool sem nenhum pudor ou meias palavras, o que pode ser bem impactante.




Talvez seja por isso que o livro vem causando polêmica. Segundo várias matérias que li pela internet, Lena é acusada de molestar a irmã, quando o que ela diz no livro é que gostava de protege-la e lhe dar selinhos. O mesmo ocorre com a cena de estupro, em que a própria Lena diz não ter encarado como tal, até parar para refletir sobre o ocorrido. A cena é dúbia, uma vez que a própria vítima não achou, na época, que havia sido violentada. Porém, a violência sofrida fica clara.

A parte mais interessante do livro surge quando a diretora fala, vagamente, sobre seu processo criativo e seus distúrbios psiquiátricos (TOC e ansiedade) assim como suas conversas com seus terapeutas. Porém, em outros momentos a narrativa se arrasta, com descrições de acampamentos de verão enfadonhas e relacionamentos fracassados – que parecem todos muito surreais.

Outra parte extremamente enfadonha é quando a autora começa a transcrever sua dieta e suas emoções em cada dia da dieta. Por mais que possamos nos relacionar com os sentimentos de culpa e desespero, ele se torna repetitivo.

A estrutura do livro, dividido em: Amor e Sexo, Corpo, Amizade, Trabalho e Panorama, parece fazer sentido, mas, na experiência de leitura, não funciona. Há repetições desnecessárias e temas jogados, ensaios confusos. O livro todo parece uma coletânea de memórias esparsas, meio reais, meio inventadas e que não formam uma unidade coesa de sentido. Não dá pra dizer: Este é um livro que aborda tais assuntos, levanta tais e tais discussões e chega a esta conclusão.

A reflexão final que o livro me trouxe foi que pessoas muito jovens e sem muito o que dizer, não deveriam escrever livros de memórias, guardadas as devidas proporções. (Anne Frank escreveu um diário que se transformou em livro e era apenas uma adolescente, e ele é uma obra importantíssima). Não sei o que Lena aprendeu até aqui, mas eu com ela não aprendi quase nada.



 

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