Desde o começo desse ano (2014) coloquei na cabeça que eu
queria ler a obra prima de Gabriel Garcia Márquez. Influência de anos a fio
ouvindo sempre boas coisas a respeito dessa obra. De repente, numa tardezinha,
chegou a notícia da morte do Gabo, um dos maiores escritores latino americanos,
vencedor do Nobel de Literatura de 1982. Desnecessário dizer que a tristeza
tomou conta de mim naquele dia.
Por fim, cerca de dois meses após a morte do escritor, e
depois de muitas pesquisas, consegui adquirir a edição de ‘Cem Anos de Solidão’
por um preço não tão abusivo (ele custa cerca de cinquenta reais). Ensaiei mais
um tempo para encarar suas quase 500 páginas, parágrafos e pseudo - capítulos
enormes.
Confesso que no começo a adaptação ao estilo de narrativa,
mais lenta e detalhada, foi um pouco difícil, mas assim que a história começou
a se desenrolar eu não queria mais larga-lo. Cada novo personagem trazia uma faceta
diferente da família Buendía, cada qual com suas questões. Cada qual com suas
singularidades tão fáceis de serem identificadas em nós mesmos.
Tudo começa com José Arcádio e sua prima Úrsula Iguarán. Os
dois são apaixonados mas Úrsula tem medo de ter um filho com o parente, pois
teme que ele possa nascer com um rabo de porco. No fim eles têm três filhos: José
Arcádio, Amaranta e Aureliano. E é a família Buendía que funda, no meio da mata
colombiana, o povoado de Macondo.
Macondo vai crescer e se desenvolver com a família Buendía, através
de suas glórias, tragédias, erros, acertos e guerras, muitas guerras. A família
cresce, com Aurelianos e Arcádios (flhos, netos, bisnetos), e algumas meninas.
A casa da família, praticamente um ser vivo, mutante, sustenta a ação de cem
anos de vidas solitárias, até a extinção da estirpe dos Buendía.
O livro ficou famoso por suas passagens misteriosas e sem
explicação, mas também encaradas com naturalidade. Há fantasmas convivendo
normalmente com humanos, premonições, mortes esquisitas, personagens
centenários… É preciso saber desse recurso estilístico usado por Gabo antes de
encarar ‘Cem Anos de Solidão’. Ele funciona e torna o livro ainda mais
intrigante.
Além de ser uma história épica sobre uma família e a
fundação de uma cidade, ‘Cem Anos de Solidão’ é um estudo sobre a América
Latina e seu povo. Ele retrata nossa condição de colonizado, nossa busca por
uma identidade, nossa inocência e nossa pré-disposição ao recolhimento e
solidão, tão disfarçados nas festas coloridas, na abundância e na expansividade
de nossos modos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário